
Dificilmente alguém escapa do bullying. Pode ocorrer no pátio da escola, em algum banheiro ou até mesmo na sala de aula. Pode acontecer em casa, entre os membros da própria família, entre primos, irmãos ou mesmo entre pais e filhos. Acontece pessoalmente ou virtualmente, através de mensagens nos sites de relacionamento. Pode acontecer no ambiente de trabalho, no exército ou em qualquer grupo social.
Não é um fenômeno novo. Estudos mostram que o bullying está presente em praticamente todas as culturas do mundo. Em 1998 países da Europa se reuniram para propor iniciativas de combate ao bullying nas escolas. Também estiveram presentes nessa conferência representantes dos Estados Unidos e Canadá. Pesquisas feitas em 2002 e divulgadas na Inglaterra demonstraram que o bullying na escola é a maior preocupação dos pais, à frente da qualidade e dos métodos de ensino.
No Brasil, uma pesquisa realizada em 2010 com 5.168 alunos de 25 escolas públicas e particulares revelou que as humilhações típicas do bullying são comuns em alunos da 5ª e 6ª séries. Entre todos os entrevistados, pelo menos 17% estão envolvidos com o problema - seja intimidando alguém, sendo intimidados ou os dois. Em 2009, uma pesquisa pelo IBGE apontou as cidades de Brasília e Belo Horizonte como as capitais brasileiras com maiores índices de bullying, com 35,6% e 35,3% respectivamente, de alunos que declararam a prática do bullying sobre outros alunos.
O bullying é o resultado do preconceito e da intolerância, principalmente para com aquele que é diferente. O magro é chamado de vareta; o gordo, de baleia; tímido é o mariquinha e o que usa óculos é quatro-olhos. Diferenças de cor, raça ou religião são razões para desencadear ridicularização em público, ou até mesmo atos de agressão física.


David Bekham, um dos grandes nomes do futebol, conta que desde cedo, no início de sua carreira quando era adolescente foi vítima de bullying. Após o treino, no vestiário, os colegas o provocavam e o chamavam de "mulherzinha".
Kate Winslet, atriz de cinema, também foi vítima de bullying quando criança. Por estar acima do peso, era ridicularizada e chamada de gorda.
Bullying é uma palavra inglesa usada para descrever esses atos de agressão física ou psicológica praticados individualmente ou em grupo, no ambiente escolar, no trabalho ou em outros contextos sociais. É um ato que se caracteriza por ser repetitivo, grosseiro, negativo e promover uma atitude de opressão do mais forte sobre o mais fraco.
Ofender, abusar, intimidar, ridicularizar, excluir, atormentar, tiranizar são apenas alguns sinônimos que podem definir o bullying. Pode ser praticado de forma direta, como agressão física ou indireta na forma de chantagem, comentários depreciativos ou preconceituosos, ameaças, discriminação racial, chacotas e piadas sobre defeitos físicos. Hoje, um dos tipos mais frequentes de bullying é o chamado Cyber Bullying. Ofensas, provocações e comentários maliciosos são publicados em sites de relacionamento como o MySpace, Facebook, Twitter e outros. As agressões viajam pela internet, expondo a vítima de modo cruel.

Em 16/12/2007, o New York Times publicou a triste história de Meg Meier, uma adolescente de 13 anos. Tímida, sensível e com dificuldade de fazer amigos, Meg pediu a mãe para se filiar ao MySpace, um site de relacionamento. A vizinha e sua filha criaram um personagem fictício que mandava mensagens a Meg fingindo interesse em começar um romance com a jovem. Depois de despertado o interesse no amigo virtual, a adolescente começou a receber mensagens ofensivas e intimidações até que não suportando a pressão psicológica, foi ao seu quarto e se enforcou com um cinto. Esta é apenas uma dentre as muitas vítimas do Cyber Bullying.
O bullying é um fenômeno social que apesar de ser bem antigo, tem crescido assustadoramente na última década, principalmente entre as crianças e adolescentes. Reflexo de uma sociedade violenta e preconceituosa, em que a mídia faz apologia à violência e à lei do mais forte, o bullying provoca feridas psicológicas, intimidação, insegurança e medo em suas vítimas.
A crueldade que se manifesta nas crianças e adolescentes é, em grande parte, resultado de certos comentários e comportamentos dos pais em casa. Filhos que ouvem os pais criticar e depreciar ou outros, fatalmente tenderão a reproduzir esse modelo. Lares ponde ocorrem abusos verbais e físicos, gerarão crianças agressivas que agirão do mesmo modo fora de casa. Muito da educação acontece através da imitação e do exemplo. Os professores também devem estar atentos para não permitir nenhum tipo de comentário maldoso ou desrespeitoso no ambiente escolar. Os educadores devem vigiar sempre se na escola alguém está sendo vítima de bullying.
Crianças vítimas de bullying tornam-se retraídas, inseguras e até deprimidas. Em casos mais extremos, as mais sensíveis, inseguras ou imaturas podem ser levadas ao suicídio. É um assunto que merece muito cuidado e atenção dos pais e educadores.
DICAS AOS PAIS
SINAIS DE BULLYING:
- Roupa rasgada
- Medo de ir à escola
- Insônia
- Mudança de humor
- Para de falar sobre a escola
- Tentar achar desculpa para faltar
- Tem novos amigos
- Mostra comportamento agressivo em casa (às vezes, se seu filho está sendo vítima do bullying, ela pode ser agressiva com alguém da família)
O QUE FAZER ENTÃO?
Se você perceber os sinais indicadores de que seu filho está sendo vítima de bullying, procure descobrir o que está, de fato, acontecendo na escola, através de perguntas, não diretas, mas de um modo mais impessoal. Não se esqueça de que o mais importante não é falar, mas ouvir o que seu filho tem a dizer, abrace-o e demonstre interesse.
COMO AJUDAR?
Se descobrir que seu filho é vitima de bullying na escola, você deve:
- Levar isso muito a sério - não julgue o fato como algo de pouca importância.
- Mantenha um diálogo franco com seu filho sobre o bullying.
- Não pense que o bullying parou se seu filho parar de falar no assunto.
- Aconselhe, oriente e faça tudo o que puder para protegê-lo.
- Procure desenvolver a autoestima de seu filho em outras áreas. Encontre alguma atividade física ou artística apropriada para ele.
- É importante conversar com outros pais sobre esse assunto. Trocar experiências e se organizar para ter voz na escola e na comunidade.
- Incentive seu filho, ressaltando as suas qualidades e o que você admira nela. Encoraje-o a encontrar um grupo de aliados.
- Entre em contato com a escola do seu filho para contar o que está acontecendo.
O QUE OS PAIS NÃO DEVEM FAZER?
Se o seu filho admitir que está sendo vítima de bullying:
- Jamais diga a ele que isso "é uma fase normal e vai passar".
- Jamais diga a ele que está sendo sensível demais.
- Jamais diga que ele deve estar fazendo alguma coisa para merecer o bullying.
- Jamais diga que isso deve ser uma brincadeira.
O QUE A ESCOLA DEVE FAZER?
Os responsáveis pela educação devem estar muito atentos a esse problema. O bullying ocorre onde não há supervisão ou uma atitude de negação como "na minha escola isso não acontece."
É uma grande responsabilidade das escolas prevenir o bullying, pois é no ambiente escolar ou nos seus arredores que isso mais acontece. Todos os envolvidos têm uma parte a desempenhar. Diretor, coordenador, professores, funcionários, todos devem ser orientados a não ter nenhum tipo de tolerância com essa prática.
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